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1 de dezembro de 2020

LICET RIDE a cumprir a tradição

12/10/2020
O que há em comum numa BMW 650, uma Honda DOHC e uma Transalp?
À primeira vista nada, mas são os sócios fundadores e elementos únicos do exclusivo clube Lambretta Invicta Clube Extreme Team. Pouco se houve falar deste Clube, mas isso é porque é muito secreto, por isso vejam lá se não divulgam!
Fazendo jus ao objetivo daquela associação secreta e informal, de novo esta concentração de Lambrettas contou com zero Lambrettas!
Sérgio e Hugo, será de rever os estatutos? Ou assim é que estará bem?
Cedo na manhã e comigo de novo atrasado (quem lhes manda combinarem à porta de minha casa), afina-se o OruxMaps do Sérgio que estava com o mapa errado (de novo) e o Hugo olha-me de soslaio não vá eu chateá-lo de novo com estas modernices. Afinal ele conduz uma Honda CB450 DOHC imaculadamente restaurada. Usar um sistema de navegação seria no mínimo sacrilégio. É uma mota de Gentleman. Ainda se fosse a obrigatoriedade de usar cartola, ainda vá, mas engenhocas...
Com o percurso a cargo do Arquiteto Sérgio (bem entregue, portanto) em vez de nos atirar-mos logo para uma qualquer via rápida, seguimos para norte pela N13, entre campos de cultivo, num ambiente rural que não seria de adivinhar tão perto da Invicta. Poucas dezenas de pachorrentos Km´s depois, saímos para uma nacional ainda mais pequena que nos brindou com umas curvas interessantes, por vezes semeadas com areia que nos despertavam em menos de um fósforo. Tanto que em Junqueira resolvemos atar as nossas montadas para um retemperador pequeno-almoço entremeado com boa conversa. É que continuo sem conseguir converter estes meus amigos à utilização de uns intercomunicadores. Até já experimentaram, mas foi só um frete para me fazerem a vontade. Consciente disso resolvi não insistir. No entanto pretendo chama-los à razão em breve, passando a utilizar um megafone em plena estrada para falar com eles. Nem que seja pela vergonha lá hão-de reconsiderar.




Rumamos a Barcelos e a Ponte de Lima rumo aos Arcos de Valdevez, onde pouco depois esperávamos começar a ver faltar-nos as estradas relativamente boas lá por Senharei, mais Km menos Km.
E assim foi, até que cerca de Travassos, com o equipamento de navegação a indicar uma linha demasiado fina, nos embrenhamos por um caminho de terra e pedra que poucas centenas de metros depois se mostrou intransponível para as nossas montadas (e para nós também, convenhamos). O nosso próximo destino estava a um milhar de metros à frente mas inatingível por ali! A DOHC ainda se tentou a arriscar, mas não...


O OruxMaps voltou a mostrar as suas valias, pois não sendo um GPS nos termos em que estamos habituados, não tem nada daqueles luxos de a não sei quantos metros vire aqui ou ali, sendo apenas um mapa digital que aponta onde estamos e desenha uma linha de acordo com o percurso planeado. Tal permite-nos explorar as redondezas e navegar à vista sem verdadeiramente nos perdermos. Assim voltamos pela ida até encontrar um caminho de terra que calculamos nos levaria onde queríamos. Não foi bem Todo o Terreno, mas a partir daqui sucederam-se kms de caminhos por trilhos pouco explorados, apesar de transitáveis e estradões de terra sulcados pelos regos da chuva. Mas é disto mesmo que gostamos e finalmente respirávamos. 
O ponto a atingir era o posto de vigia do corno de Bico e sabíamos já de outras incursões que valeria a pena. E valeu. A vista privilegiada das Serras de Gerês e de Peneda ocupa quase todo o horizonte a nascente. Agora abandonado e substituído por uma versão metálica moderna no mesmo local, totalmente sem interesse e a confundir-se com uma torre de antenas, o antigo posto de vigia permanece em pé, vandalizado é verdade, mas mais degradado pela falta de manutenção.





Apesar de não ser totalmente seguro, arriscamos a subida pela escada exterior e levamos o lanche connosco para ser degustado a apreciar a vista, já pintada em tons de castanho




Repasto arrumado e só queríamos voltar a rolar. Aí recordamo-nos que o Hugo já uns Km´s antes de pararmos, tinha avisado que estaria com pouca gasolina! Mas como motociclista prevenido dificilmente é apanhado "desgasolinado", saca um litrinho da bagagem, ficando também explicado o cheirinho diferente dos rissóis que tinha feito questão de partilhar connosco.
Atestada ainda a capacidade dissolvente do combustível, voltamos aos estradões, gozando a paz reinante e desafiando as capacidades fora de estrada da montada não-trail do grupo mas igualmente competente.


Apesar da atenção redobrada que a DOHC exigia nestes terrenos, o condutor ainda conseguiu captar umas imagens interessantes.

Foto por Hugo Cardoso

Foto por Hugo Cardoso

Foto por Hugo Cardoso

Estávamos já a navegar à vista, sem preocupações de rotas nem tempos e nem de nos lembrarmos que a DOHC só tinha sido alimentada com um litro de gasolina e que já estava quase a parar. Aliás até já devia ter falhado... Antes que tal acontecesse, espreitamos para o GPS para rumarmos à bomba de gasolina mais próxima, descobrindo que esta era demasiado longe! Recorremos então à Dona Gertrudes, uma simpática anciã que tratava da sua horta, num quintal à beira da estrada. Por acaso não tem um bocadinho de mangueira que nos empreste? Imediatamente sacou de um canivete e cortou um metro da que usava para regar as couves.
Com a Transalp a servir de dadora e com o Hugo a ganhar um hálito esquisito, trasfegou-se um pouco do precioso liquido e assim chegamos sem maiores percalços ao abastecimento.

Foto de Sérgio Moura de Sousa

Foto de Sérgio Moura de Sousa

Nesta altura do ano os dias são mais curtos e o horizonte começava a perder o azul com que nos tinha brindado até aí, por isso e apesar de nunca ser a nossa primeira escolha, decidimos procurar uma via rápida que sem mais história nos levou de regresso a casa.
Obrigado caros amigos e sócios do L.I.C.E.T. pelo dia. Convinha era tratarmos do próximo.

30 de outubro de 2020

Alto Tâmega e o "estaleiro" de baixo


29/10/2020

Ainda em 2019 li uma noticia da iminente submersão de uma aldeia, para os lados de Ribeira de Pena, pela construção da Barragem de Daivões, integrada na 3ª fase do Projeto Electroprodutor do Tâmega.

Agendei de imediato uma visita ao local para tirar umas fotografias. Mau grado o aparecimento deste problema viral que ainda não nos largou da perna, adiei a deslocação.

Por um lado convencido de que o mundo está parado desde Março e por outro com vontade de aproveitar um magnifico dia Outonal, lá fui hoje à procura das casas em questão.

Como em todos os meus passeios, há sempre algo a correr fora do programado, sendo que até já desisti de programar. Go with the flow. Desta feita, em plena A3, baixo os olhos para os manómetros e vejo, ou melhor não vejo, o telemóvel que uso como GPS! A porcaria do suporte tinha-se desapertado, algo que outros utilizadores me tinham já alertado, mas nunca me tendo acontecido até à data. Ainda por cima não tinha colocado nenhum cabo de segurança. Desatei de imediato e por uns bons sessenta segundos a discorrer o meu repertório de impropérios e terminadas as variações encosto para poder pontapear algo. Salto da mota, baixo o olhar para colocar o descanso e.... vejo o telemóvel no chão! Ao se soltar do suporte tinha ficado preso algures nas carenagens e ao inclinar no descanso saiu! Tinha ganho o dia, tudo a partir de agora seria bónus. Retomo o passeio depois de limpar a viseira por dentro devido ao volume em que tinha lançado os referidos impropérios e passo os próximos Km's a sorrir e assobiar. Tão descontraído que... falhei a saída! Não sei se sabem, mas as saídas mais importantes das AE's estão sempre solitárias de modo a obrigar o condutor mais incauto a ter que fazer uma miríade de quilómetros para regressar ao ponto perdido. Enfim. Ficou compensado pelas maravilhosas curvas da Municipal 321 que saboreei até à ultima. E de novo quando me dei conta já tinha passado a saída para a N206 há muito! Desta vez não me importei, pois pude repetir o serpentear da serra, agora a subir. No entanto a N206 não aparecia. Dei por mim de novo na saída da AE. Perguntei a um local o caminho para Ribeira de Pena. Era mesmo por ali, só que primeiro pela N206 e só depois pela Municipal 321, não ao contrário :)

Ok, já comia qualquer coisa, mas o Tâmega estaria perto e era giro fazer o meu piquenique "marmita style" nas ruínas que procurava. E realmente estava. Só que ruínas nem para amostra.


Ao contrário de outros locais, como por exemplo no Gerês onde tive já oportunidade de mergulhar entre as paredes ainda de pé de muitas casas da aldeia de Vilarinho da Furna, submersa em 1971, aqui demoliram tudo antes. Nem o Covid os parou. O espaço onde a aldeia se erguia é agora um imenso estaleiro de obras em cima do Tâmega, com máquinas a movimentarem-se por todo o lado. Fiquei desapontado, tinha chegado demasiado tarde. Restava-me apenas uma oportunidade de não dar a visita por perdida, a ponte de arame! Além da aldeia, a barragem irá submergir também a ponte de arame no lugar de Lourido, sobre o rio Tâmega a ligar as freguesias de Rebordelo e Arnóia e essa eu tinha julgado ler que iria ser "transplantada". Recorri de novo aos locais e dei com ela. Ou melhor, dei com uma ponte de arame, nova em folha, enfiada num canto escondido atrás de uns campos. Se é bonita? É engraçada, mas é uma ponte de arame com tábuas de madeira. Abana ao passarmos e não cai. Mas não é A ponte de arame. Talvez com exceção da alvenaria das entradas, o resto é tudo novo. Nem restaurado, apenas novo. Talvez daqui a uns 100 anos alguém ache piada.



Era já perto das 3 da tarde e eu não tinha almoçado. Na estrada tinha passado por dois ou três parques de merendas mas virados a nascente e por isso já na sombra e estava a ficar frio. Nas serras fica frio rapidamente. Um pouco antes de chegar de novo a Ribeira de Pena vejo uma indicação na berma: Parque de Lazer. Não perco nada em tentar. E em boa hora o fiz. No largo fronteiro à Junta de Freguesia de Santa Marinha, esta edilidade resolveu gastar  os fundos comunitários que lhe couberam na criação de um campo de desporto polivalente, um parque de merendas e uma estrutura de apoio com salão de festas. Tudo novo a estrear. Aliás quase que arriscava dizer que poderei ter sido o primeiro a usar aquela mesa. Havia água, local para churrascos, árvores pintadas de castanhos e amarelos outonais, relva verde e viçosa, equipamento de ginástica, parque infantil, mesa de pingue-pongue  e até um espigueiro reconstruído, a enquadrar o local. Abusei ao ponto de conduzir a minha moto mesmo até à mesa (sem calcar a relva, note-se) e só depois fui à Junta pedir autorização. Que estivesse à vontade e usasse o que quisesse. Mesmo pandémico e "covídico" o Norte continua a fazer jus à fama hospitaleira. 










Após o repasto retornei à estrada, lentamente e a saborear cada curva, como prefiro.

Foi um bom passeio, gostei

19 de setembro de 2020

Corno de Bico da série O Meu Quintal


25/6/2020

Portugal possui santuários de natureza quase intocados.
Muitas vezes por serem (felizmente) locais que nas ultimas décadas eram considerados com pouco interesse económico.
O mais contemporâneo cuidado que temos com a natureza, permitiu que alguns passassem até a ser locais protegidos da massificação turística ou da excessiva exploração imobiliária.
A norte, o Gerês é um bom exemplo de um local que tem sabido preservar os seus tesouros naturais sem ter de os fechar a sete chaves.
Mesmo ao lado existe um local de uma beleza indescritível em que o amarelo do sol contrasta com o verde da natureza de tal forma que nos faz sentir como dentro de uma pintura.
Como se chega os seus pontos mais sensíveis e bonitos apenas por estradões em terra batida, eles mantem a atmosfera calma de uma manhã de primavera. Tanto que sentíamos que até o barulho dos nossos motores estava a mais no local.
Talvez por isso parássemos amiúde para sentir o ar fresco e limpo ou tocar o musgo das árvores.
Este local quase secreto dá pelo nome de: Paisagem Protegida do Corno de Bico.
Fui lá com um meu amigo















.


Claro que estando mesmo ao lado, entramos no Parque Nacional da Peneda-Gerês e fomos visitar a Barragem de Vilarinho das Furnas numa perspetiva diferente. O "Lado B"




Almoço ao estilo marmita e um numero infindável de curvas preencheram o dia.






Andamos mais ou menos por aqui


Bons passeios

20 de julho de 2020

4 OnTour Versão Covid-19

 Julho 2020. Ao tempo que isto já foi.

Mas agora o tempo não se mede em dias,semanas, anos pois não?

Mede-se em liberdade.

E foi mesmo por isso que os quatro que todos os anos gostam de se encontrar na estrada adaptaram o seu encontro.

Por sorte comum um de nós tem casa no centro do país, mesmo ao lado da Serra da Estrela. A zona centro do nosso país tem muito para oferecer, veja-se o sucesso das passeatas pela N2, por isso resolvemos fazer da casa dele o nosso "Basecamp" e todos os dias saíamos bem cedo e chegavamos bem tarde, com muitas curvas feitas. E Espanha ali ao lado.

O primeiro dia foi gasto para nos encontrar-mos lá, eles vindos de Lisboa e eu do Porto. Como é nosso apanágio sempre que nos apanhamos na estrada, sozinhos ou acompanhados, saboreamos cada metro, cada paisagem, cada curva, por isso acabamos por gastar o dia todo. Encontramo-nos lá bem ao fim da tarde e para minha surpresa o anfitrião, respetiva esposa e filha tinham já tudo preparado para nós. Comida, dormida, tudo. Obrigado a elas pela paciência e trabalheira de aturarem quatro motociclistas de algibeira.

Alinhavamos o percurso para o dia seguinte, ou não. Apenas concordamos que deviamos fazer primeiro o dia mais comprido para as nossas costas que já contam com mais de vinte anos, não nos chatearem demasiado. É maravilhoso viajar sem bagagem. Tanto espiritual como no verdadeiro sentido da palavra. Um dia quente acompanhou-nos em curvas torcidas e retorcidas até ao Parque natural de Las Batuecas e volta. Encontramos ciclistas que pedalavam mais depressa que nos andavamos com as Vespa, Andamos quilómetros a vapores de gasolina partilhada pelos quatro, trocamos de viaturas para perceber o que poderia estar a causar a instabilidade de uma delas (como se as outras fossem estáveis!), encontramos piscinas no cimo de serras, usamos lenha como ferramenta, fizemos caminhos de terra que as cabras evitam, encontramos a casa do PPD, usamos arreferimento evaporativo, ficamos com o rabo "amassado", encontramos barragens grandes, comemos Gazpacho e alteramos rotas porque as pedras no caminho não nos deixaram mesmo passar. Cenário similar nos dois dias seguintes mas já só por Portugal, comigo a rumar a casa separando-me deles em Celorico da Beira. Mas agora o normal actual gosta mais de imagens e eu também, depois de tantos tempos fechado, amordaçado, controlado por regras estranhas, tal como o resto do mundo. São apenas momentos sem qualquer ordem especifica. Recordo-me da história deles todos. Espreitem.

Junto à tão falada N2

O maravilhoso Basecamp

Esta era a parte boa.

Ziguezague





Até hoje ainda não percebi.





Sim, molhou-o de propósito

Bonita, sim senhor



Momento de aliviar rabos

Industria feia

The Marvelous Three... Four

Assistência em Viagem

Já tomava banho...


Até para o ano









No cimo de uma serra, a sério!

Alongamentos





Jerrycan's e calor


Comitiva incluindo a equipa do Basecamp


Foto By Vasco

Foto By Vasco

Foto By Vasco

Foto By Vasco

Foto By Vasco

Obrigado Paulo e respetiva familia, obrigado Miguel, obrigado Vasco.