Olá.
Chamo-me LoTti, sou prima da LuíZa e moro em Lisboa, no Bairro
Alto. Já sou entradota na idade mas nada me tira os números de 60, 65, … que
anuncio.
Estive em retiro espiritual nos últimos quatro anos (porque uma
miúda também precisa desses momentos), mas no ano passado, entusiasmado pelo
dono da LeNa do Porto, o meu tratador decidiu que era altura de começar a acarinhar-me o
coração, que apesar de ainda bater forte tinha uma ou duas válvulas menos bem
dispostas.
Depois de meses a remexer nas minhas anilhas, porcas e parafusos,
chegava a hora de vaidosamente me passear por esta zona tão nobre da capital do
centro, Lisboa.
Nem me lembrava já do prazer de calcar os paralelos e
inclinar nas curvas. Senti-me forte, revigorada.
eu já estava satisfeita, mas acharam que eu merecia,
antes de um tal passeio planeado em segredo (mas do qual a irmã da Lena, a
Handa Nagazoza me contou já), fazer um estágio no SPA das Heinkel, que fica lá
pertinho da capital do Norte, do Porto.
Amarraram-me numa carrinha, o que me desagradou
um pouco pois prefiro sentir o alcatrão, não fosse o meu nome de família Tourist e além disso nunca me chegaram a apresentar a carrinha devidamente e deixaram-me duas semanas em tratamento na Motocentral (que é assim que se
chamam aquelas termas).
Lá mimaram-me, massajaram-me, reapertaram-me e falaram-me ao
ouvido.
Se já antes me sentia revigorada, agora então extravasava de
energia e alegria. E fiz novas amigas. Heinkels, Vespinhas, Lambretinhas e uma
miríade de outras raças e credos. A Handa Nagazoza falou-me muito do passeio de
Junho, que já o tinha feito e o quanto se divertiu e apresentou-me a LeNa, uma Heinkel já bisada naquela viagem e que
pelos vistos vai comigo. Também lá estava uma outra da mesma cudelaria que eu, verde, mas era muito caladita. Aliás na verdade nunca dela ouvi nem uma palavra. Dizem que está com prognóstico reservado. Não sei o que isso é mas ela estava tristonha. Coitadita.
Eu é que cada vez sentia mais a vontade de ir para a estrada.
E o meu dono, sempre atento aos meus desejos, decidiu
assim levar-me de volta para casa a andar.
Foi fantástico. Depois de um lento aquecimento, escoltados, quase vigiados, pelo Rui, o amigo do meu dono que pelos visto é o dono da LeNa, lá fomos progressivamente adotando um ritmo mais
alegre e ao fim do dia estávamos de volta ao meu querido bairro.
Eu adorei e ele ficou surpreso pela minha suavidade (sim, sou muito
meiga), pela alimentação contida que gosto de fazer e pelo meu comportamento em
tiradas grandes. Na verdade não tenho mérito nenhum, está-me nos genes, mas foi
bom saber o meu dono satisfeito.
Tenho agora sido o transporte diário dele. Diz-me que
temos rapidamente de fazer alguns passeios para depois me ajustarem o pace-maker antes do tal desafio.
Seja.
Que luxo, essa Heinkel vai fazer sucesso ! Duas Heinkel no LAL penso que é um feito inédito. Vamos lá ver se não vai ser candidata a dar-me boleia se a Azeitona berrar algures no nosso retorcido Portugal.
ResponderEliminarAbraço,
Vasco