"Handa Nagazoza" provou ser um nome adequado para a Lambretta que decidi levar a atravessar o país na
16ª edição do Lés a Lés, passeio moto turístico em que comecei a participar em 2008 e em que completo a trilogia de participação com as minhas 3 scooters. Após meses de estudo e trabalho com a participação do
Mark Broadhurst, considerado o melhor preparador de Inglaterra e o trabalho da
Motocentral, conhecido restaurador de duas rodas na Póvoa de Varzim, a Handa Nagazoza, orgulhosa dos seus 51 anos de vida não deixou os seus créditos por mãos alheias e encarou todos os momentos desta viagem de mais de 1700 Km com a determinação que lhe permitiu chegar ao fim com zero problemas.
Com a prova a ter inicio em Lagoa, tive dois dias de aquecimento e descontração a viajar com ela desde o Porto até Torres Vedras onde pernoitei, perdendo-me propositadamente pelos magníficos caminhos do Oeste e no dia seguinte rumo ao Algarve, já com o outro elemento da equipa 9, o Vasco na sua Honda CN visualmente renovada num esplêndido azul piscina e com os elementos da equipa 10, o Paulo na sua Vespa PX e o Miguel na sua Sym GTS, que carinhosamente apelidamos de "chinesinha". O
Miguel é um scooterista recente, mas que mesmo só com 4000 Km de experiência aceito e superou o desafio de chegar ao fim. Quanto ao Paulo e à sua PX, ambos já muito tarimbados em viagens, descobrimos que os nossos motores teimavam em atingir níveis de ruído entusiasmantes quando, qual miúdos, resolvíamos simultaneamente descobrir o máximo de rotações que as nossas segundas velocidades conseguiam atingir.
Até Lagoa a chuva acompanhou-nos intermitentemente obrigando a atenção redobrada, mas o dia seguinte, já com tempo ameno, permitiu aproveitar o ritmo calmo do prólogo para descobrir alguns cantos menos conhecidos do sul de Portugal. Descobrimos também a utilidade das "selfies", os auto-retratos da moda, como forma não só de registar um momento, mas também para através das redes sociais irmos mostrando às nossas famílias o decorrer do passeio. Com o resto do dia a ser aproveitado também para algumas ultimas afinações nas máquinas, fomos descansar cedo que a prova começava ainda antes do sol nascer.
Os números baixos das nossas equipas, 9 e 10, levavam-nos a sair logo às seis da manhã, mas permitiam uma melhor gestão do tempo para tentarmos cumprir os horários desta prova que além de navegação é também de regularidade e assim, entre pausas para cigarros, paragens para fotografias e abastecimentos de combustível, o nosso conhecimento deste tipo de provas permitiu-.nos chegar ao fim do dia a Peniche, depois de inúmeras estradas municipais, caminhos de terra e outros sem sequer designação de caminho, sempre a bordear a costa atlântica , com um atraso inferior a uma hora, tempo perfeitamente razoável para um percurso desenhado para potentes BMW's e afins e não para as nossas frágeis e vetustas scooters. Já perto do final deste dia, tivemos a visita das famílias do
Vasco e do
Miguel, que além de incentivo nos levaram pasteis de feijão. Uma nota ainda para os
Vespistas de Cabeço Verde que simpaticamente nos saudaram efusivamente à passagem por aquele local.
Com o sol a descer e a perspectiva de um novo madrugar pois o palanque aguardava-nos às 6:30 da manhã, tempo de uma sardinhada, abastecimento, inspeção às scooters e descanso que já tínhamos os ossos moídos.
O dia seguinte ia levar-nos a V. N. Gaia, onde mais que o palanque de chegada, esperavam-me amigos e a minha filha e mulher. Mimo que iria receber pela segunda vez, depois da prova de 2010 ter terminado no Porto. Dia mais calmo, com pouco mais de 300 km's a fazer sempre perto de praias e recheado de paisagens de suster a respiração e estradas com curvinhas deliciosas. Deu para mais algumas paragens lúdicas, para tirar fotos ou apenas esticar as pernas, mas isso acabou por nos custar uma hora e meia de atraso na chegada ao palanque de V. N. Gaia. Pelo caminho ficaram percursos maravilhosos deste nosso país, amigos a aguardarem-nos em Aveiro onde o
Bruno Canha e a mulher nos serviram ovos moles em plena rotunda do centro na hora de ponta, extensas passagens de terra na zona da Murtosa e um relato turístico pelos rádios que resolvi fazer desde aí até ao final, pois o cansaço já se fazia sentir e era preciso continuar alerta. Ao fim e ao cabo já tínhamos começado a conduzir há quase 12 horas em máquinas improváveis para estas utilizações.
A chegada foi o culminar de todas as emoções, com a
minha mulher a receber-me com o sorriso dela, a minha filha e o namorado com a
Francisca a subir o palanque comigo no banco de trás da Lambretta, o meu amigo
Nuno Castro a fazer a reportagem fotográfica ainda surpreendido com a performance da Sym Gts do
Miguel pois ele tem uma igual que cá para mim um dia ainda vai provar os prazeres deste passeio e os meus mecânicos, o
Miguel e o Ribeiro da
Motocentral acompanhados pelo resto da família, que como se eu fosse um verdadeiro piloto de fábrica, vieram confirmar com os seus próprios olhos a excelente qualidade do trabalho que tinham feito na "Laranja Mecânica".
Foram no total e desde que saí de casa 1700Km aos comandos de uma criação de 1963 de Ferdinand Innocenti, totalmente revista e preparada pela
Motocentral.
Ao Ribeiro e ao
Miguel da
Motocentral um enorme obrigado por terem posto ao meu dispor o conhecimento e a dedicação que permitiram colocar a Lambretta com a qualidade mecânica que a levou a conquistar este palmarés.
A todos os que me ajudaram, aconselharam, acompanharam e comigo participaram na concretização deste desafio, o meu muito obrigado.
Uma especial referência à
minha mulher Graça e à minha filha
Francisca que me deram o animo de que precisei, aturaram-me meses a fio a falar sempre do mesmo e fizeram questão de me receber na chegada, muito obrigado.
Aos meus companheiros de equipa e de estrada, Vasco, Paulo e Miguel, com quem convivi e vivi durante estes dias, pela entreajuda, pela boa disposição e pela perfeita simbiose em que percorremos cada Km, em vez de agradecer prefiro perguntar: Siga para o próximo?
Para memória futura, fica uma série excessivamente longa de fotos mal ordenadas, mas todas com a história de um momento
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Na hora de começar |
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Ferry Tróia |
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Pit Girl |
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Miguel "Chinesa" Lázaro |
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Team Partner |
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NAU Girl |
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CicloRia |
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Profile, by Nuno Castro |
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Love Lambretta by Nuno Castro |
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Foto de Nuno Castro |
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Foto de Nuno Castro |
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Piloto de Fábrica by Nuno Castro |
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Com a Graça by Nuno Castro |
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Chinesa by Nuno Castro |
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"Piscina" by Nuno Castro |
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Lambretta Cockpit |
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Preparado por Motocentral |
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Trio do Oeste +1 |
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Foto de Bruno Canha, com o Bruno em Aveiro |
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Palanque de Gaia |
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Quatro dias, quatro amigos |
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Contente |
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Traveller |
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Foto de Paulo Coelho. Inspeção pelos mecânicos de fábrica |
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Foto de Paulo Coelho. Inspeção pelos mecânicos de fábrica II |
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Filhota |
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Fotografo de fábrica |
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Eu e a filhota. Contentes |
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Brinde. Siga para o próximo? |
Que moca descomunal de viagem...
ResponderEliminarAgora fiquei cheio de vontade de fazer algo do género.
Além da tua Lambretta ser uma pedra, a matricula é fantástica, TT, a fazer lembrar as corridas da Ilha de Man e as míticas participações das Lambrettas naquele evento nos anos 60.
E tu até já tens praticado. Não é qualquer um que consegue fazer 600km de Almada a Oliveira do Hospital :) Para o ano há outro :) Pensa nisso
ResponderEliminarMuitos parabéns, tudo contado ao pormenor. ADOREI. Siga o próximo.
ResponderEliminarA chinesa ainda "chia"?
ResponderEliminarclaro que não. só queria uma banhoca.
EliminarMeu caro, é sempre um prazer fazer equipa contigo, alguém que leva o espírito do Lés a Lés para uma dimensão que muitos - e digo isto sem malícia - não sabem apreciar.
ResponderEliminarFazer o que tu fizeste com a Heinkel, com a T5 e agora com a Lambretta, não é para todos. A mim coube-me apenas a honra de te acompanhar. Estás de parabéns pelo feito, pela determinação, e pelo gosto em fazer diferente.
Grande abraço,
Vasco
Sabes que a determinação depende de vários factores. Um deles e muito importante é a companhia e o incentivo. E por esses agradeço-vos.
EliminarSempre me disseram que não se mexe em equipas que ganham; quando é que abrem as inscrições para 2015?
ResponderEliminarAgora a sério, vocês são porreiros, e até aturam as birras da Luíza e tudo, mas eu acho que este ano devem ser entregues prémios à Rita e à Graça: a 1ª porque nos trouxe aqueles pasteis (deliciosos) exactamente quando faziam falta e a 2ª porque nunca perdeu o sorriso, mesmo quando 3 scooteristas nojentos lhe invadiram a casa e ficaram até de madrugada a conversar de motos e viagens nas ditas...
Como sempre, foi uma honra e um prazer viajar com V.Exas. :=) ,
Paulo
Não percam os rádios. Foi bom conversas convosco: (...) à vossa direita, apesar de não parecer, esconde-se uma pista de aviação secreta que todos conhecem (...)
EliminarAs 2 equipas estão de parabéns...
ResponderEliminarAs Servettas e as Lince que fujam da tua "laranja mecânica" :-)
Só repeti o que fizeste. Quem abriu caminho foste tu :)
EliminarGrandes! ;)
ResponderEliminarBela viagem e bela scooter! Parabéns!
ResponderEliminarUm grande abraço
Júlio
p.s. - Não sei se deva continuar a visitar o teu blog, pá!!
É que por causa dele, começo a fazer contas à vida a pensar que devia voltar a ter uma scooter e retomar estes belos passeios convosco!... ;)
Caro Júlio. Deves continuar a aparecer por aqui. É uma honra para nós. Na verdade nunca percebi porque as deixaste. Mas nada está perdido. Se voltares estarás perdoado
EliminarClaro que vou continuar a ser um leitor assíduo. É o lado do scooterismo que ainda me resta. scooterista de sofá ;)
EliminarEstas pequenas máquinas têm de facto o seu encanto.
Apesar da heresia (ter abandonado as scooters), estou muito contente com a minha actual mota. Permite-me outras coisas. Mas não me entusiasma fazer um LaL com ela. Já com uma scooterzita a tentação seria outra. Mas assim como sinto falta da vespa, tb por vezes tenho saudades da Dominator e dos passeios off-road. O problema é que por vezes não dá para ter tudo (ao mesmo tempo). Sobretudo porque fica dificil haver espaço na agenda para dar uso a todas...
Mas espero que num dia (próximo) possamos combinar as nossas agendas para darmos aí uma passeata juntos! Mesmo que eu tenha que me intrometer com a honda, no meio das belas scooters ;)
abraço
Julio
De um recente (e pouco experiente) scooterista é com agrado que digo: ainda há scooteristas nacionais que sabem o que fazem e porque o fazem. Bem hajam! :)
ResponderEliminarTentamos, Filipe, tentamos. E já agora ajuda-nos a perceber quem és.
EliminarAbraço
Muito bom Rui ! agora só te falta fazeres o lés a lés na bicicleta :)
ResponderEliminarJá faço, mas é o Porto de Lés a Lés
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