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12 de maio de 2015

Heinkel's, Norte e Santuários II

Olá.
Chamo-me LoTti, sou prima da LuíZa e moro em Lisboa, no Bairro Alto. Já sou entradota na idade mas nada me tira os números de 60, 65, … que anuncio.
Estive em retiro espiritual nos últimos quatro anos (porque uma miúda também precisa desses momentos), mas no ano passado, entusiasmado pelo dono da LeNa do Porto, o meu tratador decidiu que era altura de começar a acarinhar-me o coração, que apesar de ainda bater forte tinha uma ou duas válvulas menos bem dispostas.
Depois de meses a remexer nas minhas anilhas, porcas e parafusos, chegava a hora de vaidosamente me passear por esta zona tão nobre da capital do centro, Lisboa.
Nem me lembrava já do prazer de calcar os paralelos e inclinar nas curvas. Senti-me forte, revigorada.
eu já estava satisfeita, mas acharam que eu merecia, antes de um tal passeio planeado em segredo (mas do qual a irmã da Lena, a Handa Nagazoza me contou já), fazer um estágio no SPA das Heinkel, que fica lá pertinho da capital do Norte, do Porto.
Amarraram-me numa carrinha, o que me desagradou um pouco pois prefiro sentir o alcatrão, não fosse o meu nome de família Tourist e além disso nunca me chegaram a apresentar a carrinha devidamente e deixaram-me duas semanas em tratamento na Motocentral (que é assim que se chamam aquelas termas).
Lá mimaram-me, massajaram-me, reapertaram-me e falaram-me ao ouvido.
Se já antes me sentia revigorada, agora então extravasava de energia e alegria. E fiz novas amigas. Heinkels, Vespinhas, Lambretinhas e uma miríade de outras raças e credos. A Handa Nagazoza falou-me muito do passeio de Junho, que já o tinha feito e o quanto se divertiu e apresentou-me a LeNa, uma Heinkel já bisada naquela viagem e que pelos vistos vai comigo. Também lá estava uma outra da mesma cudelaria que eu, verde, mas era muito caladita. Aliás na verdade nunca dela ouvi nem uma palavra. Dizem que está com prognóstico reservado. Não sei o que isso é mas ela estava tristonha. Coitadita.
Eu é que cada vez sentia mais a vontade de ir para a estrada.
E o meu dono, sempre atento aos meus desejos, decidiu assim levar-me de volta para casa a andar.
Foi fantástico. Depois de um lento aquecimento, escoltados, quase vigiados, pelo Rui, o amigo do meu dono que pelos visto é o dono da LeNa, lá fomos progressivamente adotando um ritmo mais alegre e ao fim do dia estávamos de volta ao meu querido bairro.
Eu adorei e ele ficou surpreso pela minha suavidade (sim, sou muito meiga), pela alimentação contida que gosto de fazer e pelo meu comportamento em tiradas grandes. Na verdade não tenho mérito nenhum, está-me nos genes, mas foi bom saber o meu dono satisfeito.
Tenho agora sido o transporte diário dele. Diz-me que temos rapidamente de fazer alguns passeios para depois me ajustarem o pace-maker antes do tal desafio.

Seja.