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13 de fevereiro de 2020

Guimarães da série O Meu Quintal

Tendo como desculpa a vinda de um amigo de Leiria à Invicta, preparou-se em cima do joelho uma passeata de um dia, em que ameaçava chuva sem chover!
Como é estranho habito dos "Motards", o encontro foi numa área de serviço da AE, mas felizmente o Mendonça, na sua infinita sabedoria e conhecimento, começou a conversa com: Saímos da AE já aqui à frente e vamos em direção a Guimarães. Depois logo se vê. 
Cada vez me custa mais usar a frase: Esta zona é uma maravilha" por redundante e repetitiva. Portugal é um baú sem fundo de surpresas, com sítios maravilhosos e estradas deliciosas para as duas rodas.
Paramos já no centro histórico de Guimarães. Já o conhecia, julgava eu, mas não há nada como parar as motas e andar por aquelas maravilhosas ruelas, imaculadamente recuperadas e preservadas, numa manhã sem turistas ou qualquer outro tipo de rebuliço. Ajuda o facto de não ser demasiadamente grande, mas está tudo lá. Arcos, ruelas, muralhas.
Foto de Rogério Magalhães



Recordei-me que este ano, em Julho, aqueles locais vão ser o palco do maior encontro Europeu, ou até Mundial, de Vespas. O European Vespa Days.
Um café e um bolo numa praça, uma visita a uns amigos que adoram repetir o que dizes e a descoberta de uma identificação de uma instituição já desaparecida e a que em tempos pertenci.
Com a Penha ali ao lado, seria difícil resistir não a subir.
É um local que nunca me atraiu especialmente e ao chegar ao cimo e estacionar percebi porquê! De todas as vezes que lá tinha ido, o local populava de camionetes turísticas que embarrilam o trânsito quase num nó cego, famílias completas a comer arroz de cabidela numa manta na traseira da Toyota Hiace, romarias às lojas de "souvenirs".
Mas agora estávamos só nós. Percebi a quietude do local, a beleza da paisagem numa vista desafogada a toda a volta. Guiaram-me para uma capela bem no alto. A padroeira dos motoristas. Começamos à descoberta de caminhos entre pedras gigantescas e precariamente equilibradas que criavam passagens, tuneis e desfiladeiros, bem em ultimo lugar na lista do que eu contava ali encontrar.
Entramos na gruta de um eremita. Visitamos jardins apenas moldados pela natureza.


Já com os sentidos enebriados de tanta natureza e com a barriga a pedir-nos alguma atenção, voltamos às motas e descemos a serra. Recordei-me de imediato de, para aí em 2005, num passeio de scooters, eu ter descido aquela mesma estrada com uma avaria grave na scooter. A direção estava estranha e ao virar o guiador, a roda da frente mal respondia. Sei lá como, só a inclinar lateralmente creio, consegui chegar ao sopé. Dirigi-me ao mecânico que acompanhava o passeio e ele recomendou que a scooter fosse para dentro da carrinha. Ao subi-la a roda da frente saiu! Caiu ao chão! Separou-me totalmente do resto da scooter! Dei uma gargalhada, percebendo o perigo em que tinha estado, mas afinal já tinha passado e corrido bem.Seguimos até S. Torcato a procurar um escondido, moderno mas tipico restaurante de nome invulgar.Andar de mota com amigos é bom e estas pausas para o repasto oferecem uns relaxados momentos de troca de historias e conversa fiada. Assim foi.Retemperados e com sede de estrada decidimos visitar o Santuário de São Torcato, mesmo ali ao lado.Por ter tido o inicio da sua construção em 1871 e ainda a decorrer, o santuário acaba por sofrer uma espécie de mistura de estilos, com elementos clássicos, góticos, renascentistas e românticos, apresentando assim um ecletismo que está evidente na sua cantaria de granito da região.No interior da Igreja encontra-se o corpo incorrupto do próprio São Torcato.No exterior do Santuário, encontra-se um adro com dois coretos, duas grandes fontes de água. e em continuação um parque enfeitado com frondosas tileiras e plátanos que não chegamos a visitar.

O céu assumia tons de cinzento e uma ligeira brisa fazia-se anunciar. Qualquer pessoa habituada a andar fora de carros sabe o que isso significa. Iniciamos o nosso passeio de regresso à Invicta, não sem ainda apanharmos uma ou outra gota de água, que se ouvia mais a bater no capacete do que se sentia no corpo.Um pouco antes de entrar na cidade paramos, para as habituais despedidas que nos nossos casos são apenas um até já.
Foto de Eduardo Mendonça

Obrigado Mendonça, Rogério e David. Acho que a partir de hoje decidi elevar-vos de Motards à categoria de Motociclistas. Bem vindos.