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30 de dezembro de 2009

Honda Transalp XL600V


Há escolhas que não se explicam, fazem-se. Eu nunca fui sequer muito adepto das motas na sua versão “grande”. Sempre me interessaram muito mais as Scooters se bem que conviva bem com elas como se tem percebido por passeios em que tenho participado. No entanto há algo nessas máquinas, grandes, fortes, com presença que afinal até me atrai. Confesso que no tempo da adolescência, ter uma “máquina” era um meu desejo, bem como de quase todos os adolescentes, bem entendido, mas lá me fui contentando com a Heinkel e muito bem, convenhamos.
O tempo no entanto não deixa esquecer tudo e mais cedo ou mais tarde aqueles desejos mais escondidos acabam por fazer as suas reaparições.
Deve ter sido o caso. Ainda quase não a usei e também deve ser por isso que aquele porte altivo, pernas compridas e ronronar de leão me intimidam um pouco. Mas ainda bem. As motas são para serem tratadas com respeito. São como as mulheres. Com calma dão-nos muito prazer, mas se abusarmos pode ser uma chatice.

14 de dezembro de 2009

Moscas da Figueira II


Quem esteve no Camping perceberá por que motivo este ano na Figueira não havia moscas!
De qualquer forma não levei a T5, tendo escolhido a minha montada mais experiente e fiável, a Heinkel, para me levar a uma almoçarada com amigos. Do Porto saíram os suspeitos do costume, e debaixo de uma temperatura que apesar do Sol embirrava em nos lembrar que estamos no Inverno, pela hora marcada lá arrancamos do Dragão. Em velocidade de cruzeiro, ou seja despachadinhos, lá chegamos a Aveiro pelas 9:30h. Tempo para um cafézinho enquanto esperávamos para engrossar a comitiva com uma Indiana e uma Portuguesa, dado que Italianas e Alemã já tínhamos.

Ajustando a nossa velocidade para o ritmo de que a Carina gosta e passando a usar estradas nacionais a viagem ganhou outro encanto. Como escreveu o nosso amigo TodayAdventure: "The purpose of a trip is the trip itself. If you go too fast you miss all the fun"
E que verdade é esta. Deve ser também por esse motivo que gostamos tanto de scooters.
11 horas e pouco estávamos a estacionar na Marginal para nos libertarmos das várias camadas de roupa que nos tinham protegido das baixas temperaturas e a admirar o extenso e bonito areal, pontuado pela presença de algumas scooteristas femininas que tanta beleza emprestam a estes nossos encontros. Ainda por cima uma delas é uma excelente fotógrafa. Obrigado anacristinarm, estás nomeada fotógrafa oficial do ScooterPT :)

Após a chegada dos restantes comensais (O mexe veio de carro com a Maria :twisted: ) e duas de conversa com o meu companheiro de equipa do LaL, o S800 e ainda colagem de autocolantes (já agora, ao ver uma qualquer Lambretta chegar fui oferecer um toclante ao dono mas este olhou para mim com ar desconfiado e apenas me "autorizou" a colar o dito no pneu suplente!! Como se aquela pintura de "orige" valesse mais que o toclante! Quem seria o cavalheiro? Ainda por cima não apareceu no almoço! Provavelmente alguém que tirou a scooter da redoma por engano? Ou apareceu apenas para ter uma desculpa para não ir à missa com a Maria? Enfim). Lá seguimos então para a passeata pela serra, onde o Hugo, aquele tipo estranho de boné e mochila amarela com uma Top-Case da Givi na roda baixinha fez questão de parar para me recordar do local onde da ultima vez a T5 fez birra!

Magnifica paisagem e muito frio mais rumamos para o restaurante, onde desta vez o nosso conhecimento já nos permitiu escolher o talher certo. Barrigas confortadas, muita conversa e fica já o agradecimento especial ao Marrazes, ex-dono de uma magnifica T5 que agora pertence a uma miúda gira que por acaso, mesmo por mero acaso, é namorada dele e nossa única companheira de estrada aos comandos, mas dizia eu, fica um agradecimento especial por se ter lembrado de partilhar connosco a passeata que lhe apeteceu fazer. O ScooterPT é isto. Alguém que se lembra de passear com alguns amigos e publica a intenção para que todos possam aparecer. E apareceram suficientes.
Hora de levantar ancora, pois de scooter o país é grande e mais uma vez o tipo estranho de boné e mochila amarela com uma Top-Case da Givi na roda baixinha a querer chamar a si as atenções, desta vez esvaziando o pneu da frente para poder mostrar a todos a habilidade que tem em resolver problemas com a anilha!
Para a estrada que se faz tarde e a comitiva nortenha escolhe a Auto-Estrada pois o frio e o tempo apertava. Liderados pelo Paulo Salgado, a fazer desjejum de scooter na sua Gatinha Bravita com "faro baso" e Target no pneu suplente, lá fizemos N109 até Mira e depois auto-estrada até casa. Muito trânsito, muito frio e numa velocidade máxima de 99Km/h, lá percorremos os 144Km's em 2 horas. Pelo caminho paramos para uma café em Ovar e no Porto o Paulo ainda seguiu para Guimarães.
No pulso levei um brinquedo que denunciou a nossa passagem :D

6 de dezembro de 2009

Scuderia Sereníssima


Poque agora chove, sabe bem recordar o calor:
Queria contar o Lés-a-Lés, mas afinal o Lés-a Lés não se conta... sente-se.
Sente-se na alegria, sente-se na aventura, sente-se na dor, no frio e no calor, sente-se na pena, no orgulho e no desafio, sente-se na paz, na luta e na chegada. Neste nosso país de contrastes, o LaL consegue, com apenas algumas horas de permeio, levar-nos do mais recôndito cantinho serrano onde cada aceno simboliza um sorriso, para a urbe de trânsito, poluição e desenvolvimento, de altitudes de 1500 m para o profundo vale, da neblina de sombras frias para o ar tórrido que nos desafia a tirar o casaco.
Deixa-nos na memória a beleza selvagem da natureza em bruto e a criança da aldeia que sorri ao ver passar a caravana por de momento único se tratar. Sucedem-se caminhos de terra, estradas esburacadas, trilhos e alcatrão esbranquiçado. Misturam-se motos equipadas para irem ao Alasca com pequenas motorizadas que em tempos faziam suas estas passagens, scooters modernas com máquinas clássicas. Fazem-se Km´s por causas, revêem-se amigos e desafiam-se limites. Deixam-se em alvoroço lugarejos e em festa aldeias. São duas etapas que para muitos é uma volta a Portugal. Uns encontram a oportunidade para tirarem a sua máquina da garagem e devolvê-la ao seu habitat, outros apenas intensificam a sua utilização quase diária. Mais do que os motores, é a inter ajuda dos motociclistas não só portugueses, mas também espanhóis, franceses, alemães e angolanos, que ajudam a transpor serras e vales. Se se gosta de sensações e sentimentos fortes, o LaL é a escolha certa, mas cuidado, após experimentarem facilmente ficarão viciados e sem conseguir deixar de repetir. Eu que o diga pois após completar com sucesso (e muito atraso) a passeata do ano passado, lá voltei a instalar o leitor de Road-Book e o conta Km´s digital, preparei o saco e perguntei à minha máquina preferida, uma Heinkel Tourist 103A1, com a respeitável idade de 49 anos, se lhe apeteciam 2000Km’s. Ela nem hesitou em aceitar e depois de chegar o Vasco, já com 300Km’s em cima na sua pré-clássica Honda Helix, lá seguimos juntos para Boticas onde se iniciou este 11º LaL. Formávamos uma equipa diferente, com a soma da idade das máquinas a chegar aos 64 anos mas com a ideia da reforma ainda longe. Já com a logística antecipadamente tratada e após jantar e pernoita em Amarante, passamos o Marão ainda com as sombras frias de um aguaceiro nocturno, chegando a Boticas pelas 9:00h. Mesmo a tempo das verificações técnicas e atribuição do número de equipa. “Three is a magic number”, canta Jack Johnson e nós não poderíamos estar mais de acordo. Com o número de equipa 3 atribuído, dirigimo-nos à Casa de S. Cristóvão, um alojamento de turismo rural a 50 metros do palanque gerido por gente muito simpática e disponível, onde nos foi atribuído o quarto número...3. Saída para o Prólogo, um périplo servido sempre no dia anterior a esta prova, pelas serranias do Barroso e aldeias do concelho, mostrando-nos maravilhas como o relógio de sol em Alturas ou o forno comunitário de Covas do Barroso.
Regressados com algumas baixas na comitiva, tal foi a dureza do passeio, a tempo de recebermos a grande surpresa do dia com a visita do Paulo Salgado na sua Heinkel, que terá afirmado à mulher quando saiu de Guimarães que iria dar uma volta para carregar a bateria! Obrigado pela tua presença, repetida na madrugada seguinte, dessa vez acompanhado pelo Eusébio. A vossa força surtiu efeito. Ainda tempo antes do jantar oferecido pela câmara municipal de Boticas para assistir a uma chega de bois, que eu até à altura não fazia a mínima ideia do que se tratava, onde ficou célebre o comentário, dito com entusiasmo por um verdadeiro fã local da actividade, “Grande boi, isto é que é um boi”!!
Pelas sete da manhã do dia seguinte, iniciamos a 1ª etapa que nos levaria a atravessar o Douro vinhateiro e as Beiras, pela rota histórica do Barroso à Beira Raiana em 11 horas e meia de condução a completarem uns tortuosos 412 Kms. Fomos a segunda equipa a partir, fotografados de imediato pelo Paulo e Ozébio, uma vez que a equipa 1 foi forçada a desistir devido a um infeliz despiste no dia anterior. Assumimos de imediato a liderança da caravana e graças à boa coordenação entre mim e o Vasco, mantivemo-nos durante quase todo o dia nos lugares da frente. Passagem por Pedras Salgadas e pelo Tâmega a caminho de Tresminas, exploração aurífera do tempo dos romanos, café oferecido pela câmara em Murça, seguindo por Linhares e Ansiães, com o Douro por companhia no cachão da Valeira enquanto que a subida da temperatura fazia já adivinhar a canícula que nos acompanharia até Olhão. Passando por Ranhados a “Scuderia Sereníssima” chega a Mêda para o almoço oferecido por esta câmara, a cumprir religiosamente o horário estabelecido. Retemperadas as forças e confortados os estômagos seguimos por Marialva, Pinhel, Malhada Sorda e Castelo de Vilar Maior. No Sabugal esta câmara municipal brindou-nos com um lanche servido em Alfaiates e rapidamente rumamos a Castelo Branco por Sabugal e Sortelha com passagem ainda pelo Fundão.
Entrada em Castelo Branco, onde chegamos 5 minutos antes da nossa hora, permitindo-nos ser os primeiros a subir ao Palanque! Sim, a “Scuderia Sereníssima” comigo e com o Vasco, com uma Heinkel e uma Helix que em conjunto somavam quase a idade da reforma chegou a Castelo Branco em primeiríssimo lugar entre 874 motociclistas!
Durante o completo jantar ofertado pela câmara albicastrense, estivemos à conversa com a equipa 39, o Outeiro e o Fontes, estreantes nestas andanças, mas que souberam levar a cabo com sucesso a passeata e ainda nos acompanharam no regresso a casa.
A madrugadora partida da segunda etapa foi dada às seis horas e meia com o tempo já quente apesar de encoberto. Aguardavam-nos 508 ardentes Km´s até Olhão, por um interminável Alentejo tórrido.

Travessia do Tejo em Portas do Ródão, com o calor a aumentar à vista dos sete metros de altura do menir da Meada. A Serra de S. Mamede começa a pôr à prova a capacidade de refrigeração dos travões das máquinas, com a Heinkel a portar-se bem nas acelerações entusiasmada pela Helix do Vasco que seguindo sempre uns 50 metros à frente, permitia-me avaliar antecipadamente as curvas e aproveitar assim ao máximo os 9,5Cv do motor da Heinkel. Ajudou aqui também muito o sistema de intercomunicadores com que nos equipamos, com o Vasco a relatar a estrada que me esperava. Seguiu-se Flor da Rosa, Crato, Alter do Chão e Veiros com o seu belo pelourinho em mármore, Borba e Vila Viçosa, Alandroal e Mourão.
Chegados à nova aldeia da Luz, talvez a única no país com ar condicionado no tasco local, tempo para uma salada fresca a servir de almoço. Os parabéns à câmara de Mourão pela escolha. Com o calor sempre a aumentar, um vislumbre à saída de Amareleja da maior central foto voltaica da Europa e entrada em Moura onde eu já não ia há mais de 20 anos. O termómetro marcava para cima de 40ºC! Serpa e a dura descida ao Pulo do Lobo... que tivemos de voltar a subir. Finalmente na fronteira com o Algarve, através da ribeira do Vascão, caminho muito duro e onde sentimos algum orgulho em a termos atravessado sem sobressaltos, ao invés da algumas trails que estariam, em principio, no seu habitat natural. Seguiu-se a Serra do Caldeirão, poeirenta e quente, a parte mais difícil para mim, feita sem travão de trás e com o da frente tão quente que a sua actuação quase não se notava. Valeu-me o valente motor de 4 tempos da Heinkel, com algumas reduções e entradas em curva a serem feitas de forma mais brusca que o aconselhável. A ponte romana de Quelfes anunciou-nos a proximidade do final que já ansiávamos em atingir. Entrada em Olhão, para nós triunfal, apenas uns 15 minutos após a hora ideal e subida ao palanque de imediato. Num cenário de festa onde ficam os agradecimentos à câmara desta cidade, elogiados por todos, entrevistados pela televisão e imprensa da especialidade, conseguimos nesta maratona provar a capacidade multifacetada das Scooters e de uma equipa motivada e organizada.
Obrigado à organização e em especial ao Ernesto Brochado, bem como ao meu companheiro de equipa, o Vasco.





7 de setembro de 2009

Heinkel Rally Utrech Holanda 1957

E que tal este, em Black & White claro.
Heinkel Rally Utrech Holanda 1957 (Parte 1)


Heinkel Rally Utrech Holanda 1957 (Parte 2)

13 de agosto de 2009

A minha primeira vez

Nisto das duas rodas eu até tento manter uma mente aberta em relação a vários tipos e marcas de máquinas, no entanto tem-me dado um gozo bestial nos últimos anos chamar secadores ou aspiradores a tudo o que não tem embraiagem na manete esquerda.
A vida tem-me tentado ensinar a nunca dizer nunca nem sempre e por isso chegou a vez de me sentar aos comandos de um aspirador que não o que a minha mulher embirra em achar que eu sou mestre.
Considero que até tive sorte pela máquina que me foi posta à disposição, pois uma Vespa 250 GTS ie /ABS é uma coisita gira e esta já tem o calo de um Lés a Lés em cima.
Depois de me assegurar que ninguém estava a olhar, lá a montei, rodei a chave e um motor muito suave fez-se anunciar. O tamanho da máquina parecia-me apropriado e transmitia confiança. Ao rodar o punho e sentir a aceleração suave e determinada fiquei definitivamente sem entender como é que ainda há tantos enlatados que embirram em não tentar uma coisa destas.
Faz-se às curvas sozinha como se conhecesse o caminho e a travagem é potente e progressiva. Não sabia que travão usar, por isso usei sempre os dois. Descobri depois que a travagem é combinada. Experimentei uma travagem forte e realmente o ABS estava lá.
Sem querer, poucos segundos depois de entrar na auto-estrada olhei para o velocímetro e para meu espanto já marcava 140Km/h. Nem queria acreditar. Estava a rolar tão suave como a 60!
Para mais é linda.
Prometo daqui para a frente abster-me de apelidar estas máquinas de secador ou aspirador, desde que sejam pretas, digam Vespa 250 ou mais, GTS ie/ABS e ma emprestem para passear sempre que me apetecer.

A culpada:

17 de maio de 2009

CN Enterprise NCC-1701


Sabem quando tudo na vida se conjuga no mesmo sentido?
Não será por isso coincidência que tenha hoje escolhido ir ver o filme Star-Trek, pois naves espaciais sobejam por lá e não pensem que nesses veículos sou total maçarico. Há dias, pelos lados de Arganil, foi-me dada a oportunidade de experimentar a Honda CN250 (Helixprise) do Vasco, cuja única diferença para a Enterprise reside no facto de ter rodas! O resto é igual.
Estão a imaginar uma Scooter? Então esqueçam, não tem nada a ver. Um sofá de dois lugares preenche a sala de comando da nave, fazendo perceber até que ponto os Japoneses prezam a saúde dos seus traseiros. Lugar para os pés? Melhor só se tivesse massagens. O guiador? Esse vem ter connosco, tal como se fosse um sofisticado comando de um televisor de plasma super-moderno, deixando à mão de semear todos os muitos controlos que possui, provavelmente para assegurar o controlo seguro dos mísseis ar-planeta ou da escotilha de viagem plasmo-atlântica. Mas o plasma também existe. Um mostrador digital, em duas, sim duas cores, permite supervisionar toda a actividade a bordo. As rodas ou os buracos ninguém dá por eles, se é que existem, tal é a suavidade em viagens lentas ou rápidas até Mach3, pelo menos.
O silêncio? Nem as orelhas de Mr. Spock se sentiriam incomodadas.
Eu assegurei acima que não era muito maçarico em Intergalactical Transporters, mas tenho de confessar que o tamanho, a força e a roda da frente lá longe, me intimidaram.
No entanto confesso que me soube a pouco. A máquina parece pedir para a deixarmos andar e curvar. A travar nem hesita.
Ao fim e ao cabo quem hesitou fui eu, mas isto já vem de criança. Nunca fui de abusar delas logo no início. Vou apalpando devagarinho e experimentando mais um pouco. Por vezes deixo um pouco para o próximo encontro.

15 de maio de 2009

Auto-Combustão aka Guimarães-Lisboa de T5





Outubro 2008
Sabem o que é um colchão de folhelho? Pois, eu agora também sei e não é propriamente o mais indicado para a véspera de um magnífico passeio pelas nossas maravilhosas estradas, brilhantemente organizado pelo Vespa Clube de Guimarães, que nos levou até à sede do mais antigo Vespa Clube de Portugal. Nota-se que não foi debalde que Portugal escolheu esta localidade e estas gentes para ver a luz do dia. Dia esse que começou bem cedo e após uns bons cinco minutos de sono para os privilegiados, como eu, que não entendi ainda muito bem por que voltas, terei sido o único a ter um quarto individual. Obrigado, mas eu continuo a achar que alguém se enganou. Acompanhado pelo Outeiro em GTS e pelo Carlos em Sprint, desta feita com a minha Heinkel substituída por uma Vespa T5, a única na comitiva, (mas acho que andava lá um motorzito destes disfarçado), respeitei assim um pedido da organização e lá arranquei cheio de remelas mas bem “pequeno-almoçado”, ostentando um enorme autocolante alusivo à Heinkel que não consegui resistir à tentação de levar na minha vespinha (desculpem, mas assim fiquei vingado). Felgueiras, Lixa, Amarante, Baião... e lá começou o percorrer de um bonito percurso embora com pouco tempo para o apreciar. Primeira surpresa na Régua que quando cheguei “já tinham todos ido embora!!!!” Talvez não tivessem gostado tanto como a tri-equipa que integrei, de passar pelo alto de Baião e pela Fundação Eça de Queirós, onde, vindo de Paris, este escreveu parte do conhecido romance: “A Cidade e as Serras”. Mas rapidamente foi de novo posta à disposição uma magnifica bôla de carne e um óptimo Porto que nos confortou o corpo e a alma até Lamego onde encontramos dois experimentados destas andanças e minhas companhias do Lés a Lés, o S800 e o Júlio Santos. Aí comecei a acreditar que não estaríamos assim tão atrasados e lá retomamos o passeio, despachadinhos mas com a calma que convém a uma prova de regularidade. Curiosamente ao chegar a Castro D’Aire soubemos que uma equipa estava já a almoçar... a duas horas de distância... “Regularmente” receando pelo nosso almoço lá fomos andando, acompanhados sempre pela Ambulância e a carrinha de Assistência, a primeira com a sua magnífica “corneta” a assustar toda a gente abrindo-nos assim caminho facilmente. Obrigado ao “menino” e á “menina” que lá seguiam pela simpatia e pela ajuda que viriam a prestar a um de nós que entusiasmado pelas curvinhas, acabou por ficar a conhecer o limite de aderência da sua máquina.
Com a barriga a dar horas, mesmo a chegar ao pé das sandes de leitão e ao colocar a T5 em ponto morto achei que era boa ideia ir mesmo a Fátima pois senti que só podia ser um factor sobrenatural que estava a manter o meu motor em funcionamento MESMO DEPOIS DE LHE TER TIRADO A CHAVE Com a maior calma do mundo, enquanto que eu aterrorizado com a chave na mão e olhos fixos no conta rotações que indicava 8600RPM eu paralisei, o Mauro deixou a sua montada com o seu companheiro das fitinhas nos calções, um espécime oriundo das latitudes de Coimbra, com aspecto duvidoso, mas que em grupo até disfarçava graças a alguns coletes com muitos bordados que afinal existem nestas lides, aproximou-se e com a tarimba de muitos anos e Km de Vespa disse: Sai daí antes que estragues mais. Então não vês que isso é Autocombustão Fechou a gasolina e após o motor parar voltou a liga-lo e voilá! O ralenti certinho de novo. Isto quem sabe, sabe. Vou-me fartar de armar em entendido quando isto acontecer com outro. Ainda acrescentou com um ar verdadeiramente doutorado: Agora vê lá se pões a vela adequada que isto não é uma Heineken... Chegados a Fátima já sem tempo para visitar o Santuário, mas contentes com o bom alojamento que nos esperava. Não sou tipo de agradecer mais de vinte vezes, mas abro aqui uma excepção para me congratular com a forma como fui sempre bem tratado por todos, mesmo aqueles que só virtualmente me conheciam. Novato como sou nestas andanças, notei a preocupação que todos e em particular os organizadores tiveram em assegurar que eu tinha o que precisava. Sensibilizou-me e agradou-me. Farei gosto em retribuir. Até que enfim conheci o Sr. João e confirmei a simpatia de que já desconfiava. Um dia ainda vai ter uma Scooter em condições para andar, vai ver. A manhã de domingo começou com um outro bom pequeno-almoço e um ritmo mais de passeio, que pelo Cartaxo nos havia de levar ao destino. Pelo caminho tive a oportunidade, já que a Heinkel já tinha sido traída e tinha, de fazer um Test-Drive ao “secador” do Júlio, que encurtei com receio de me habituar ao que é bom. Boa para ir ao supermercado e chegar a casa com os ovos inteiros. Ele por sua vez constatou que embora a T5 seja “gira”, não lhe cabem lá os pés. Novamente o Sr. João a tratar de nós como reis, oferecendo inclusive uma escolta policial. Grande Sr. João!
Rumo a Lisboa, estavam já quase cumpridos os cerca de 500Km desta odisseia, começando eu a sentir que realmente um Heinkelista guia tudo. Um passeiozito por locais bonitos de Lisboa, com o rio por perto, oportunidade para conhecer o Tiago Alves, e chegamos ao Vespa clube de Lisboa, onde a Paula e comitiva nos esperava sempre sorridente e prestável. O Ilde acabou por conseguir aparecer também... bolas Como já tinha sido combinado, as Vespas da Tri-Equipa lá saltaram para dentro da Carrinha do omnipresente Paulo e o Júlio Santos ainda foi a casa buscar o carro para nos levar ao comboio. Grande espírito. E por falar em Paulo Salgado. Já repararam que este cavalheiro passa a vida a fazer Km de carrinha para que nós os possamos fazer de Vespa, ou seja ele trabalha para que nós brinquemos. Não foi surpresa, pois não é a primeira vez, mas é de louvar. Obrigado Paulo. Espero vir a ter oportunidade de retribuir. Miguel, Marcelino, Paulo, Vasco e a muito outros que não sei o nome, obrigado por nos oferecerem o vosso trabalho e tempo livre.

Scooters no Berço

Sete da matina. O Sol prometia...e cumpriu.



Abril de 2007
Não foi debalde que Portugal escolheu Guimarães para nascer, tal é o deslumbramento das suas magníficas paisagens, apenas superado pela visão das deslumbrantes miúdas de mini-saias e decotes avantajados , que à nossa passagem provocavam distracções momentâneas nos condutores, causando alguns ziguezagues rapidamente corrigidos . Como verdadeiro encontro de Scooters multimarca fomos presenteados com a presença de Vespas, Heinkel's, Lambrettas e outras máquinas menos Scooters como Florett, Mobylette, Yamaha, etc, de vários tipos e feitios que competiam em idade com os condutores. Capacetes e casacos da época completavam o retrato. Foram 44 pessoas, um carro e uma carrinha de apoio, cerca de 36 Scooters, 6 Heinkel, 3 Lambretta, 25 Vespa, além de uma Yamaha e uma Mobbilete, a rugirem e a fumegar pelas encostas abaixo e a soluçar por elas acima! Chegavam amigos de todo lado. Coimbra, Ponte da Barca, Braga, Porto, Maia, Póvoa de Varzim, Viana, Gaia……. Obrigado a todos. A carrinha e o carro de apoio, ambos devidamente identificados com o cartaz, garantiram ajuda a todos os que dela precisaram, mas disso falo mais à frente… ou talvez não! Reunidos os participantes todos, partimos, atrasados claro, do Castelo do tal infantário, percorrendo estradas e caminhos históricos (e íngremes) ou de alcatrão (e ingremes outra vez), num total de aproximadamente 70 Km, quase sempre a subir, ou pelo menos parecia! Eram constantemente dadas mostras de carinho e amizade a todos os que as quiseram, mas o priveligiado foi sem dúvida o condutor da Mobyllete, pois em todas as subidas havia sempre uma mão amiga nas costas que o encorajava a continuar. Para empurrar???, não, era como um abraço de companheirismo. Uns Km's à frente paramos no Cachorrão para um café e um bolo oferecido pelos donos deste Snack-Bar. De novo na estrada (a subir outra vez!!) as seis Heinkels presentes quiseram mostrar a sua fibra! Tal era a vaidade com que calcorreavam o pavimento, que uma delas, (a Jenny), toda enfunada e a abanar a anca, resolveu dar ainda mais nas vistas e começou a emitir graciosas nuvens de fumo. Curiosamente pouco depois parou, amuou e não mais andou!. De castigo foi para doca seca dentro da carrinha! Toma lá para aprenderes. Com a moral mais em baixo (que é como quem diz, pois deviamos estar a 2000 m. de altitude) as Alemãs cederam a popularidade às Italianas que marcaram o seu lugar bufando (muito) encosta acima, enquanto que eu orgulhosamente e de trombas , ocupei o lugar do passageiro no carro. Ainda houve umas velas, porcas e freios a precisarem de ser mudadas ou apertadas em Vespas ou Lambrettas (He He He) e um volante de Heinkel que resolveu emancipar-se da forqueta enquanto eu a conduzia por empréstimo, (terá sido por isto que mais ninguém me emprestou a mota?????) mas isso não interessa nada, dadas as oportunidades de parar periódicamente para aspirarmos baforadas de ar puro junto a campos acabados de estrumar. Isto de Scooterismo encanta todos, a julgar pela presença de dois elementos de tenra idade: o João Paulo que é o pendura/filho do Paulo, com 6 anos e ainda uma menina igualmente encantadora com sete anos vinda creio eu da Aguçadoura. Qualquer dia estão os dois a ir sozinhos de Scooter. Estejam atentos paizinhos.Chegados a S. Bento das Pêras a 5000 m. de altitude (pelo menos pareceu) foi encaixar as pernas debaixo das mesas, tarefa por vezes menos fácil, e deliciarmo-nos com a paisagem, o ambiente e os magnificos rojões que nos serviram. Foi um momento de silêncio quase absoluto, não fosse o chato do Eusébio que teimava em mostrar o quão bem ficava de calções e botas (gosto discutível) e um outro senhor de apito, (o Marcelino), que teimava em azucrinar-nos os ouvidos, mas em compensação ajudava a trazer a comida. Nem o cafezito com ou sem cheirinho faltou à chamada e estava tudo 5 estrelas. Seguiu-se um sorteio de prémios, principalmente câmaras-de-ar, o que permitiu a alguns Scooteristas voltar para casa com pneus enfiados no pescoço, bonés novos ou mesmo capacetes clássicos! (ganda pinta). Depois de aturarmos um pouco mais esse tal Eusébio a mostrar os calções, voltamos à estrada quais cavaleiros fumegantes com as montadas a rugirem pelo peso adicional dos rojões e eu porque não gosto de usar cinto de segurança comecei a cravar boleias à pendura. Obrigado pelos que me aturaram sentado atrás. Sempre deu para filmar qualquer coisa e até soube bem (a Jenny continuou de castigo). Foram uns quilómetrozitos a descer (aleluia), causando alguns sonoros rateres nas máquinas. Acho que os rojões não tiveram nada a ver com isto). Rematado tudo isto pelas 6 da tarde com um excelente lanche de febras assadas e vinho que jazia em garrafas numa fonte (a sério!), servido no cimo de uma serra que de certeza era mais alta que a da Estrela, ao ponto de terem havido desistências a meio da subida (não, não foi nenhumas das Heinkels remanescentes seus engraçadinhos). Aqui foi mesmo preciso lutar para chegar à comida. Restou o regresso que a esta hora já sei que correu bem para todos. Agora a parte formal: Obrigado a todos que conduziram, ajudaram, apoiaram, fotografaram, atrapalharam, he, he, pararam o transito em todos os cruzamentos e rotundas, etc, por terem feito deste passeio um domingo de convívio salutar e sincero, de entreajuda e apoio. Pouco percebo de fenómenos sociais, mas não sei de muitas coisas que tanto aproximem as pessoas como o que eu vi hoje. Obrigado por serem assim. Não posso agradecer à organização por motivos óbvios, mas posso isso sim agradecer como participante que também fui, ao incansável Paulo e à sua família, ao Eusébio e os seus calções, ao Ribeiro da Motocentral e ao Snack-Bar Cachorrão por ajudarem a suportar as despesas e a reparar as avarias, ao Fernando Tavares e ao condutor da carrinha por irem sempre atentos a nós e principalmente aos participantes por terem lá estado. Obrigado. Deram-nos força para repetir.

13 de maio de 2009

A minha Scooter de eleição... desde à muito tempo

Se quero falar de scooters e de reviver sonhos de adolescência, tenho primeiro de apresentar a principal protagonista, a minha scooter Heinkel Tourist 103A1 de 1960, que me foi oferecida pelo meu avô.
Tinha então 16 anos e passou a ser o meu meio de transporte regular. Não estava em muito bom estado, mas nada que umas latas de spray não resolvessem. Deu-me anos de bom serviço até ficar a descansar no fundo da garagem até 2005 quando foi restaurada. Mas vamos começar pelo principio.
Os quartos da "tralha" costumam ser um bom sítio para começar. Entre muitas outras recordações interessantes, encontrei umas fotos dos meus primeiros anos de "Scooterismo". Nunca me cruzei nessa altura no Porto com mais nenhuma Heinkel e andava comigo muitas vezes um amigo com uma Casal Carina verde. Não sei o que é feito dele.... nem da Carina Então aqui fica uma tirada em 1983/84 na Rua do Bonjardim, onde está o meu irmão de T-Shirt ás riscas, eu de calças de ganga e pullover azul e um cabelo para o compridinho , mais 3 amigos e uma amiga, á volta da magnífica Heinkel em preto fosco!


Três anos depois, em Outubro de 1985 nos terrenos onde hoje fica o Gaia Shopping, ainda a Heinkel em amarelo canário comigo...com o cabelo bem mais curto:



E com a minha namorada, hoje minha mulher:
Não sei se repararam no pormenor do capacete com banda desenhada pintada. Finalmente numa outra roupagem, que por acaso foi a primeira em 1979/80.