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13 de maio de 2013

Monte de São Sebastião do Vale de Alcaide

Ando há dias a tentar arranjar uma forma de relacionar o meu fim de semana por terras de Marvão com o tema das "rodaspequenas". Consegui hoje.
No próximo mês de Junho, o Lés a Lés que conto poder calcorrear na companhia do Vasco nas rodas pequenas da minha Vespa PX125 T5, fará escala em Castelo de Vide. Assim, com a desculpa de um reconhecimento da área, decidi aceitar um já antigo convite de uns amigos e passar um fim de semana na propriedade deles em Marvão, a escassos Km's daquela etapa, onde vivem e gerem um espaço de Turismo Rural, o Monte São Sebastião.
Já lá tinha estado duas vezes, mas sempre um pouco de fugida. Desta feita fui com tempo para sentir e absorver a paz e a liberdade que o Alentejo facilmente incute nestes seres citadinos e sempre apressados onde me incluo.
Fiquei na Casa do Sino, uma das três da propriedade e a que está classificada como Casa de Campo (Turismo em Espaço Rural).

É uma recuperação fantástica daquilo que há dois anos apenas não passava de uma ruína, transformada agora numa casa de dois pisos que até pode ser convertida em duas de um piso! O superior, com cozinha completa, casa de banho, o quarto numa mezanine, com as escadas de acesso a fazerem-me recordar o beliche dos tempos de juventude e uma fantástica sala comum, imersa num ambiente quente e confortável que lhe é conferido pela decoração sempre a rondar os tons intermédios do arco-íris. A rematar em beleza, um fantástico pátio coberto porque no verão faz calor, com um espaço para estar em cadeiras e cadeirões, almofadas ou mesmo no chão e outro para comer, com uma mesa de refeições generosa.

 
Na sala, abre-se uma porta e em vez de um qualquer armário aparece-me... uma linda escada em caracol. Vermelha.
Desço e estamos no piso inferior da casa. Também podia ter cá chegado pela outra entrada da casa, que neste lado está também ao nível do solo (adoro locais onde se sobe ou desce e estamos sempre rente ao chão), mas não era a mesma coisa. Dois rodopios escada abaixo e uma enorme sala, com espaço de estar em sofás ou cadeirões, de jantar e de ler apresenta-se com o mesmo ambiente morno, acolhedor. Uma salamandra domina o centro do espaço e uma enorme janela, cujas portadas contam-se em cinco, oferecem a perspectiva menos elevada da mesma paisagem do pátio de há pouco.



Não consegui decidir qual das imagens me agradou mais. Daqui avista-se também a terceira casa, ainda por recuperar, mas deveras promissora. Não fosse a distância da minha vida, tentar-me-ia a fazer dela minha residência...
Duas portas, no lado oposto à janela escondem um quarto grande com uma cama onde garanto que poderiam dormir quatro pessoas até na transversal se assim preferissem e um outro tão acolhedor que me fazia pensar que estava numa torre de princesas, de janela recortada na pedra, com "véu" na cama e tudo. A casa de banho, com luz natural, completa o conforto.

Mas o ambiente não se faz só lá dentro. A bordear, tal e qual uma península, a magnifica paisagem norte-alentejana invade-nos de todos os lados menos de um.
As serras a perder de vista, verdes pelo inverno chuvoso, com água a correr em regatos e ribeiras, a muralha do Castelo, imponente, inabalável, forte, abrangente. O caminho para as outras casas, que pelo declive parece desaparecer em cada curva e o Sol. E o Céu. Amarelo e azul. Muito amarelo e muito azul.
Descida a cota de cerca de 50 metros, que ainda no ano passado só se fazia de jipe, por um caminho modesto mas agora acessivel a qualquer carro, surge a casa dos proprietários. Também esta ressuscitada de ruínas, em frente a um solarengo pátio, divide-se em duas zonas. Ambas com os quartos, portanto dois, na mezanine, e em baixo num uma cozinha, casa de banho e sala com uma lareira enorme e mais uma escada de "rodopio". A outra com a sala banhada pela luz que entra por uma grande janela, e com o quarto com casa de banho privativa, em cima de uma das mais acolhedoras salas de estar onde já dormitei.

A internet, abençoadamente fraca, dá a oportunidade de desfrutar do local onde estamos e com quem estamos, em vez de nos colarmos a conversas e visitas virtuais. Mas não se nega a permitir consultar um qualquer email urgente ou previsão meteorológica.
Ao lado, ainda em construção/recuperação, estão a nascer mais 3 apartamentos com tudo o que podemos precisar e ainda um pátio que nos obriga a contemplar a beleza dura da muralha, seja noite ou dia.
Do resto escuso-me de descrever. A beleza da zona é sobejamente conhecida, por única, ao misturar o verde acima do Tejo, onde já não estamos, pelo calor e paz do Alentejo onde acabamos de chegar. Com o Castelo a cinco minutos de carro, a Portagem a dois com uma magnifica, aliás duas, piscinas, uma delas no próprio rio, Castelo de Vide mesmo ali ao lado e Espanha onde se chega sem se notar o tempo que passou.
Aliás o passar do tempo aqui é conceito subjectivo e medida dispensável. Não se dá lá muito por ele. Nem se quer, na verdade. Pouco ou nada interessa. Não sobra nem falta. Damos por nós a comer porque temos fome, a dormir porque temos sono e a acordar porque lá fora é bom demais para deixar que o dia fuja.
Já com saudades destes dias, resta o saber que em breve estarei por perto.

2 comentários:

  1. Maravilhosa a forma como nos fazes sentir lá!!!
    Beijinhos
    Luisa

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  2. Muito simpáticas e sublimes palavras. Obrigado Rui. Monte

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