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17 de janeiro de 2016

Uz e Val de Moscas

Para sentir o prazer de ir sozinho, é preciso poder escolher. Tenho a sorte de poder.
Um dia de folga no trabalho, coincidente com uma pausa na chuva, pedia-me para pegar na Vespa T5, rumo às encostas da serra do Barroso e da Cabreira, em busca do local onde foi gravada a curta metragem “Volta à Terra”. Uz é uma pequeníssima aldeia serrana a 1000 mts de altitude com uma dezena de casas, quase todas ainda em granito e uns vinte ou trinta habitantes que sobrevivem do campo. Virada ao sol e com vistas até à Senhora da Graça.
Depois de uns 60 Km’s de auto-estrada sem história, mesmo antes de Ponte de Cavez, na N206, saio para uma estrada municipal a subir. Muito. Rapidamente a temperatura baixa para os 6 ou 5 ºC. Paro para fechar melhor o casaco. A paisagem é já uma amostra do que me espera. Continuo a subir entre campos verdejantes onde pastam as vitelas maronesas e muito gado caprino. Entro em Uz, paro a Vespa em frente à Capela e dou a volta à aldeia em 10 minutos. Só encontro um rapaz a chegar de motorizada, que desaparece dentro de uma das casas e um senhor que arranja um muro que a chuva dos últimos dias estragou. Vejo casas com o telhado de colmo caído, vejo casas arranjadas e arranjos que estragaram casas.
Mas fico pouco tempo. A chuva ameaçava e a temperatura baixava. Volto à estrada até à encosta seguinte da serra da Cabreira, para Moscoso, à procura do “Nariz do Mundo”. Gosto destas estradas solitárias. Transmitem-me uma sensação de paz. Não consigo evitar parar a cada poucos metros para fotografar, ou apenas para ouvir o silêncio. Um rebanho corta-me o caminho. Desligo o motor e aprecio a passagem feita sempre sob a atenção de três magníficos cães. Quando o pastor aparece pergunto-lhe: Onde fica o Nariz do Mundo. Com um sorriso rasgado devolve-me a questão: O restaurante ou o monte? O monte? Já o passou. Volte para trás e siga por um caminho de terra à sua direita. Caminho de terra com uma Vespa? Bem, não seria a primeira vez. Encontro-o e faço uns três Km’s em terra batida, cortada por profundos regos de água. Chego ao fim para ser presenteado com uma magnífica vista sobre o desfiladeiro, outrora conhecido como Picoto do Castro. Valeu totalmente o trabalho que o caminho deu. Fico um pouco a saborear a lugar, o silêncio, a paisagem a saber a liberdade. E o isolamento. Sou convencido pelo vento frio a regressar à estrada. Sigo para Moscoso. Aldeia ao estilo da anterior, mas maior. Já estava a ficar tarde. Vejo a tabuleta do Nariz do Mundo, restaurante e ainda penso em parar. As nuvens escuras que se adensavam ajudam-me a decidir. Faço a estrada de regresso à N206, de volta à civilização.

Tive pena de não ter tido mais tempo. Naquelas encostas existem ainda mais duas ou três aldeias que merecem visita.
Na próxima vez.






















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