Confesso com algum embaraço que apesar de conhecer a marca, tinha a ideia de que se tratava dum produto estrangeiro. Apesar de estar no mercado há cerca de sete anos apenas, a NEXX tem vindo a estabelecer-se como um marco no design inovador e novas soluções tendo já uma rede de distribuição a abranger mais de 40 países. A primeira solução apresentada internacionalmente pela Nexx foi o X60, um capacete tipo “Jet” que se apresenta numa infinidade de cores e combinações para todos os gostos. Todos os capacetes da Nexx são de design próprio e a sua unidade industrial tem o certificado de qualidade ISSO 9001.
Tendo-me interessado pelos seus modelos, contactei a marca, propondo-lhes um apoio na minha participação no 12º Portugal de Lés a Lés. O profissionalismo e a competência com que me responderam fizeram-me perceber que a qualidade estaria presente em todos os aspectos da empresa o que pude confirmar quando a visitei. Ficou combinado que em troca de publicidade nas motas, eu e o meu colega de equipa seriamos equipados com dois capacetes topo de gama da marca, tendo ele escolhido o magnifico integral XR1.R e eu o inovador Maxijet X30. Sempre me agradaram capacetes em que eu pudesse “dar a cara”, mas dadas as limitações em termos de segurança de um Jet, tenho ultimamente optado por um modular. No entanto, mesmo nesses coloco algumas reservas. A tentação de andar com eles abertos é grande e por isso tinha andado já a olhar para o Maxijet X30 da NEXX com atenção. Este capacete tem não só um design inovador mas é ele próprio também uma solução inovadora, combinando as vantagens de um modular com a segurança de um integral. Tanto que se encontra homologado como um integral cumprindo integralmente os requisitos de segurança ECE 22.05 e DOT.
É composto por um casco idêntico aos modulares, mas com uma base integral que inclui uma protecção do queixo. A viseira, composta por uma parte transparente e um remate inferior mais robusto, encaixa ao baixar nessa protecção transformando-o num integral. Engenhoso, sem dúvida. E será que funciona? Os dois mil quilómetros que estava para fazer nas mais diversas condições iriam permitir aferir.
A cor escolhida foi um cinza escuro, de nome titânio que se integra na perfeição com as peças de plástico preto de design angular. Os acabamentos são absolutamente perfeitos, não se notando qualquer imperfeição quer nos plásticos quer na pintura que tem uma bonita profundidade metálica. Engenhosamente camufladas encontram-se barras reflectoras laterais nas saídas de ar e no remate inferior. Desafio-vos e encontrarem-nos de dia. Existem outras combinações de cores mais arrojadas, mas seriam já demais para os meus gostos. Nas transições entre a pintura e o plástico não notei nenhum remate menos perfeito, mesmo depois de uma análise mais atenta. A forma eficiente com que os plásticos se fixam no capacete ficou confirmada quando logo no segundo dia o deixei cair num chão de cimento, tendo resultado apenas dois pequenos riscos nessas peças. Nenhum dos plásticos ameaça soltar-se. Percebe-se que estamos perante um processo de fabricação e controlo de qualidade apertado. A viseira incorpora na sua base uma entrada de ar fácil de operar e também um botão que permite levantar a frente. Aqui já não gostei tanto. Apesar de pensado para poder ser manuseado com apenas uma mão e de luvas, não consegui abrir facilmente a viseira nenhuma vez, tendo piorado quando comecei a fazer estradas de terra com muito pó à mistura em que a engrenagem ficou mais “perra”. Acabei por desistir de me tentar habituar ao sistema e passei e apertar por ambos os lados simultaneamente para só depois levantar a viseira. Seria de considerar uma revisão a esta solução. Existe outra entrada de ar no topo do capacete integrada nos plásticos decorativos, fácil de operar e eficiente. Passei por lugares com trinta e muitos graus e outros com dez e fui sempre capaz de manter uma ventilação adequada. Com o ventilador inferior aberto, consegue-se inclusive sentir o fluxo de ar no interior da viseira quando em andamento. Isto é especialmente importante se considerarmos que não é possível abrir apenas a viseira, o que pode até ser algo claustrofóbico para alguns, sendo que esta embacia com alguma facilidade. Acabei por vezes por optar não fechar totalmente o capacete para evitar a condensação e facilitar a abertura. No interior os tecidos anti-alérgicos e anti-transpiração usados têm bom aspecto e são totalmente removíveis bem como as almofadas das bochechas. Todo o conjunto se integra sem falhas nem imperfeições. Este capacete está disponível dos tamanhos XS ao XXL, usando duas calotas diferentes. Nisto eu não sou um bom exemplo, pois tendo sempre a comprar capacetes um pouco grandes demais, de forma que não incomode as minhas orelhas excessivamente sensíveis, o que obrigou a que o XL (61-62 cm) que escolhi, tivesse que ser modificado nas almofadas laterais de modo a ficar mais aconchegado. Internamente o capacete tem uma forma arredondada e não muito baixa o que fez com que o meu queixo ficasse mesmo certo. Os vários tamanhos disponíveis deverão satisfazer a maioria. Não senti pontos de pressão pelo que a espessura do interior estará equilibrada. Lateralmente fica algum lugar para as hastes dos óculos, mas como quase não existe bolsa para as orelhas, as hastes grossas podem ser um problema. Esta falta de bolsa para as orelhas foi um desafio para a instalação do sistema de som. Tive de recorrer a uns auscultadores muito finos e mesmo assim usei todo o espaço disponível.
Com a frente aberta a visibilidade é total, não se vendo nem a protecção do queixo nem a viseira levantada, no entanto quando fechada, a visibilidade periférica, especialmente um pouco para baixo, é ligeiramente prejudicada pelo design da viseira. Gostaria aqui de ter um pouco mais de ângulo. Todo o sistema é removível desapertando os grandes parafusos plásticos, o que pode ser feito com o porta-chaves que está incluído. Após algum pó o sistema começou a ficar mais preso e a fazer ruído ao levantar.
A viseira levanta bastante ficando totalmente fora do ângulo de visão e até uma velocidade de cerca de 100 Km´s a aerodinâmica não parece ser afectada. Apesar da avaliação do nível de isolamento sonoro ser muito subjectiva e dependente duma imensidão de factores incluindo a mota usada e considerando que estava atrás dum deflector de vento baixo e conhecido por causar alguma turbulência, o isolamento pareceu-me suficiente sem ser perfeito. Ajudará o facto da viseira quando fechada integrar perfeitamente com o remate inferior do capacete
Ainda no campo da visão de realçar a viseira interior solar, em policarbonato e escurecida a 80%, um préstimo excepcional para mim pois não consigo suportar muito tempo o vento nos olhos. O accionamento é feito por um botão deslizante do lado esquerdo que está integrado em termos de design com toda a decoração. O sistema é eficiente mas parece-me um pouco frágil. Só o tempo o dirá. Gostaria também que esta viseira baixasse um pouco mais pois ao olhar para o painel de instrumentos o campo de visão é entrecortado. Correríamos no entanto o risco de tocar o nariz.
Este X30 no tamanho XL pesa 1649 gramas, o que o coloca num peso normal entre os modulares e um pouco mais pesado que alguns integrais.
O fecho micrométrico só tem de ser afinado uma vez, pois a partir daí permite um ajuste fino ao ser fechado. Um sistema é eficiente e muito prático.
Este Nexx X30 é definitivamente diferente e único. Agrada-me ver um fabricante procurar novas soluções numa indústria que tem tido pouco de inovação nos últimos anos e ainda mais o ser portuguesa. Enquanto que o desenho e as características poderão não ser para todos, este capacete engloba factores únicos e funcionais que acabam por juntar o melhor de dois mundos, o dos integrais e dos modulares.
O seu preço, a passar a fasquia dos 200€ não o coloca no campo dos capacetes baratos, mas as suas características justificam-no totalmente.
Junto uma série de fotografias que ilustram bem os maus caminhos por onde andou, sem ter sido sequer limpo.
Apesar de pessoalmente não ser adepto deste conceito de capacete, admiro-lhe o design e o nível de qualidade empregue.
ResponderEliminarÉ de louvar o esforço de inovação e a preocupação em fazer bem que a NEXX, construtor português, vem demonstrando.
O teu teste aponta qualidades, mas também aspectos menos bons, exactamente aquilo que um construtor precisa para melhorar as fragilidades do produto.
Parabéns!