Uma das primeiras zonas no Norte de Portugal
a ser afetada pela pandemia de Covid-19, foi a de Ovar. Cercada sanitariamente
durante cerca de um mês, com as estradas cortadas por barreiras metálicas ou de cimento, algumas até com patrulhamento
policial, esteve fechada ao mundo e do mundo. Sim, há o Telefone, o Zoom, o
WhatsApp, mas somos Portugueses e como tal gente de afetos, de coração, de
olhos nos olhos. Custou muito. Mas hoje estão abertas as “grades”. Aos poucos a
vida retorna ao que agora preferimos chamar nova normalidade, mesmo sem
sabermos muito bem o que tal significa. Depois de tanto tempo fechados,
isolados, prisioneiros ainda que no nosso próprio lar, aceitamos de bom grado o
pouco que venha. Mesmo ali ao lado fica um
dos maiores areais a Norte, a praia de S. Jacinto, que em conluio com a Ria de
Aveiro, escondem uma maravilhosa estrada, pouco retorcida mas com um magnifico espelho de
água sempre ao lado.
Escolhemos em mais uma fase de
desconfinamento motociclístico ir até lá.
Tragada a via rápida que nos tira da urbe, a
N109 começa a animar-nos e deságua-nos no inicio da N327, onde o Restaurante Areinho,
embora abandonado há muito, mantem à sua volta um espaço aprazível e sossegado
para esticarmos as pernas.
(22/05/2020)
Algumas curvas a seguir e encontramo-nos com uns
amigos que vieram de mais a sul. Desde Fevereiro que não tinha estado numa
esplanada de um café. Com o sol e a companhia dos amigos a aquecer-nos,
espraiamos o olhar por onde já não andam moliceiros na labuta. Agora só servem
turistas e claro, estão todos parados.
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Foto de Rogério |
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Foto de David |
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Foto de David |
Atravessamos a Torreira e fomos à praia.
A imensidão do areal deixa respirar, deixa correr, deixa gritar. Brincamos a
desafiar as ondas que quebravam na areia, apanhamos sol com equipamentos de
segurança meio vestidos. Não, não falo de mascaras, viseiras
e afins. Os motociclistas desde há muito que se protegem. Usam luvas, capacetes
onde só cabe um e na estrada vão a bem mais de dois metros de distância. Mesmo na
praia mantivemos os cuidados e não foi por isso que gostamos menos.
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Foto de Rogério |
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Foto de Rogério |
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Foto de Rogério |
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Foto de Rogério |
Fomos almoçar. Não em restaurante. À boa
maneira portuguesa levamos farnel. Do lado da estrada oposto à ria, estende-se
a Reserva Natural das Dunas de S. Jacinto. Além de bons trilhos para caminhadas, existem também aqui locais preparados para uma paragem gastronômica. Cada um
levou o seu repasto. A única partilha foi a do fogareiro, que no final nos aconchegou
com um café quente.
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Foto de Rogério |
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Foto de Rogério |
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Foto de Rogério |
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Foto de Rogério |
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Foto de Rogério |
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Foto de David |
Um teve de regressar nesta altura e os restantes decidiram
atravessar na ponte da Varela entrando na CicloRia. Um caminho mesmo ao nível das
águas que entra pela Murtosa e serpenteia com a água agora a estibordo. No Cais
da Bestida tiram-se fotos em moliceiros e passa-se a caminho de terra. Mama
Parda, Ameirinhos e o caminho fica estreito. Estaciona-se, sobe-se ao passadiço
onde só se ouve o vento. Banhamos-nos de paz.
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Foto de Rogério |
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Foto de Rogério |
Sempre em ritmo reticente, pois ali é que se estava bem, voltamos à via rápida que nos levou a casa, mas não sem antes termos comprado umas cerejas na beira da estrada, com toda a certeza por desinfetar. Vendidas por um rapaz de mascara cirúrgica com o nariz de fora, que nos faz saber que mesmo ao nosso lado estavam o Presidente da Republica Portuguesa e respetivo Primeiro-ministro, acompanhados de uma comitiva de uma centena de pessoas, provavelmente encarregues da desinfeção preliminar do caminho, que como nós tinham vindo celebrar a liberdade. Duvido que tenham conseguido pois não vieram de mota.
Obrigado à minha companhia de estrada.
Excelente "reportagem " o que é nacional...só pode ser bom !Um abraço XXL !
ResponderEliminarEspetacularmente redigido e com uma seleção de fotografias à altura. Senti-me como que tivesse participado...
ResponderEliminarAbração
Muito bem. Os teus amigos têm motos bem gordas, pá. Leva a fininha para compensar !
ResponderEliminarAbraço