O Hugo tem uma mota bonita. Da classe xassos mas bonita.
Eu tenho uma mota boa. Da classe velha mas boa.
O Sérgio tem... bem, o Sérgio tem... tem uma coisa de farol amarelo com cesto e marca de instrumento musical. Pega quase sempre.
O Hugo não avaria. Através de métodos sobrenaturais, ela faz avariar motores de outros veículos, carros incluídos, em vez de assumir uma tosse ocasional.
Eu avario, ou melhor, reduzo temporariamente a performance. A minha Honda tosse, espirra e resfolega, mas continua a andar. É velha, já mostrou todos os algarismos do odômetro e dentro das suas capacidades inatas continua a engolir estrada. É tão indecisa como teimosa. Mesmo no auge de uma avaria não desiste de respirar fundo e retomar a marcha como se nada tivesse acontecido. Se isto é uma coisa boa? Bem, sim e não. Claro que a perspectiva de ela fazer tudo para não te deixar à mercê que uma qualquer assistência em viagem no meio de nenhures é de louvar. Já o resolver reduzir a velocidade para 25% a meio de uma ultrapassagem a um camião de 18 rodados e com atrelado duplo é já discutível. Bem como aumentar a potência em 175% a meio de uma curva em que o patim estava já a milímetros de tocar no asfalto, também não se afigura como uma grande ideia, Já no aumento do nível de adrenalina, ambas as situações mostraram eficácia.
O Sergio segue certo e seguro. Sorridente atrás de um guiador que daria para pendurar roupa a secar, a cheirar a gasolina mais que uma refinaria e à sombra da desculpa de que a Transalp é que não anda, calcorreia o caminho a 40 à hora nas descidas como se estivesse em pleno circuito, com o farol amarelo (com cortinas) aceso. Em cada paragem corria à nossa frente para iniciar uns bons 10 minutos a dar ao pedal da sua....haaaa, coisa de marca de instrumento musical. Também não sei porquê mas aquele depósito de nafta pareceu-me familiar... quase nacional,,, sei lá.
Afinal estes três o que têm em comum?
São amigos e gostam do desafio de passear com máquinas maduras que ameaçam avariar a cada curva, mas que nem por isso deixam de nos levar (e a maior parte das vezes trazer de volta) a conhecer sítios magníficos, por estradas esquecidas entre natureza intocada, longe ou perto, com um restaurante de beira de estrada ou uma mesa de piquenique pelo meio.
Entre Amarante e Mondim de Basto o traço curvilíneo que passa no Parque Natural do Alvão dá pelo nome de N304. Já o conhecia e por isso mesmo aceitei logo a ideia de o percorrer de novo. As serras têm algo que me cativa. Talvez o silêncio, ou a calma, ou apenas a beleza. Mais de certeza um misto de tudo.
Passa lá um rio. Dá pelo nome de Olo e tem um parque de merendas de uma beleza inolvidável. O fresco da sombra recordou-me que poderia ser boa ideia oferecer a algumas peças da minha mota o privilégio de se manterem frescas. Poderão os mais cépticos afirmar a pés juntos que tal instalação não iria adiantar de nada. Tecnicamente até poderiam ter razão, mas a possibilidade, usada amiúde, de poder dar umas palmadas no circuito que intermitentemente continuava a falhar, como se no lombo de um cavalo estivesse a usar o pingalim, tornou de certeza a viagem de regresso bem mais divertida.
Obrigado Hugo e Sérgio.
(29/05/2020)
Foto de Hugo |
Foto de Sérgio |
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Foto de Hugo |
Foto de Hugo |
Foto de Hugo |
Foto de Hugo |
Foto de Hugo |
Que Lambrettas tão estranhas ! Gosto da cafeteira, da paisagem do Alvão, e da CB do Hugo.
ResponderEliminarQue piano é esse, Sérgio ? Uma XT com depósito alternativo ?
Abraços,
Vasco