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19 de agosto de 2018

L.I.C.E.T. por Uz e Moscoso da série O Meu Quintal

Depois de um interregno usado para ajustes vários na vida de cada um, os 3 membros fundadores do famoso LICET juntaram-se para uma passeata recheada de boa disposição, boas estradas, praia, serra e aldeias remotas. Nenhum foi de Lambretta!!
Em Janeiro de 2016 tinha ido na minha Vespa conhecer a aldeia de Uz. Prometi na altura voltar para conhecer um ou outro recanto mais daquelas serras.
Tinha comigo um track parcial daquele passeio, gravado com um relógio de corrida. Algumas horas em frente ao computador e completei um percurso que poderia ser interessante. O Sérgio o o Hugo concordaram.
Dez da manhã arrancavam do Porto uma Honda Transalp 600, uma Honda 450 Super Sport DOHC e uma Vespa Cosa 200. Começaríamos com uma ligação de uns 70 Km's em autoestrada até perto do Arco de Baúlhe, provavelmente maçadores... julgávamos nós!
Metade do troço feito e a Cosa espirra. Decidimos dar-lhe pouca atenção e continuar viagem. Zangada, resolve repetir o espirro, numa subida sem berma nem sombra, que é para aprendermos. Preparávamos-nos para lhe espreitar nas entranhas, quando o Hugo, qual Gentleman do cimo da sua distinta CB DOHC, constata o óbvio. E descermos para onde há berma?! Por vezes é preciso vir numa máquina com pedigree para demonstrar esta clareza de raciocínio... Ao fim e ao cabo foi aquele modelo que nos anos 60 destronou o reinado ocidental das motos inglesas, sendo mais rápida, mais eficiente, mais económica que as de terras de Sua Majestade. E não pingava óleo! Adicionalmente em 2011 fez o meu carro largar a água toda, mas isso é outra história.
O arquitecto lá espreita debaixo da saia da coisa, digo Cosa, encontrando rapidamente um filtro de ar entupido com esponja!!! Ao que parece, no pináculo da tecnologia Italiana, a Piaggio teve a ideia peregrina de incluir um pré-filtro de ar totalmente inacessível algures debaixo do depósito, em esponja! O tempo e o óleo encarregaram-se de o desfazer. Tão lentamente que durante o dia foi necessário levar a cabo amiúdes manobras de limpeza do mesmo. Lá seguimos sem mais espinhas até ao final da AE, onde começou verdadeiramente a diversão. N206 até um pouco depois de Esturrado e saída para a M518 sempre a subir e com curvas maravilhosas. Nestes lugares percebe-se como somos um país de contrastes. Saídos há poucos Km's do rebuliço do trânsito, damos por nós numa estrada mais que secundária, vazia, com um maravilhoso silêncio por companhia. O dia estava quente, mas começa a refrescar quando uma tabuleta anuncia os 1400m. A vegetação muda radicalmente. O alcatrão desaparece e reaparece. Em cada cruzamento que passamos seguimos pela opção mais estreita, inclinada e com pior piso. Percebemos que estamos num caminho usado por gado. Cuidado que aquilo escorrega! Após uma elevação aparece UZ, antes conhecida por Casal da Urzeira, devido à quantidade de urze que existe nos seus montes. É uma pequena aldeia típica de casas de pedra, onde ainda se podem ver construções cobertas com telhados de colmo. Deambulando pelas suas ruas estreitas, somos como que transportados para uma época remota. Contamos dez tractores e dois carros. De matricula estrangeira, não estivéssemos em Agosto. Seguimos caminho à procura do desvio que levaria ao Nariz do Mundo. Caminho de terra, não muito difícil e desembocamos num planalto com uma paisagem de cortar a respiração. Resolvemos almoçar por ali a refeição leve que levávamos, pois a ultima coisa que nos apetecia era enfiarmos-nos num qualquer restaurante cheio de gente. Pudemos assim desfrutar da paz que ali se vive, numa refrescante sombra. Regresso à estrada e mesmo à entrada de Moscoso a Transalp espirra levemente. Ignoro-a. Paramos no restaurante da terra para tomar café. Estava cheio e com um calor e barulho insuportável. Abençoamos a ideia do pique nique e quando já reabastecidos de cafeína, fomos abordados por um rapaz que nos pergunta se as Honda bonitas que estavam lá fora eram nossas. Confessou-se um apaixonado por motas a trabalhar no Mónaco enquanto nos mostrava fotos da sua Africa-Twin nova. Agradecemos e apressamos-nos a sair daquela confusão. Retomamos caminho após o meu aviso que dali para a frente, só conhecia o terreno pelo Google Maps. A possibilidade de encontrar caminhos manhosos era grande. Seguindo as indicações da rota traçada por mim, serpenteamos por serras e vales, em estradas cada vez mais remotas, até nos surgir do meio do nada uma fantástica praia fluvial, de nome Área de Lazer do Oural. Estacionando mesmo na praia, quase deserta, apressamos-nos a desfrutar de um vigorante banho. Apetecia ficar lá o resto do dia. A tempo voltamos ao caminho. O próximo check-point era Fafe. Como não havia muito por onde enganar não prestei grande atenção ao OruxMaps deixando-me embalar pelas curvas. Sem aviso a Transalp espirra, tosse e engasga-se. Paro numa sombra e reparo no sorriso pouco inocente dos meus companheiros de estrada. Então onde anda a mesquinha fiabilidade das Honda? Não lhes dou grande conversa e trato de resolver a avaria que adivinhava. Um dos CDI andava a falhar há uns tempos. Percebi que tinha sido de vez, mas estava preparado com um de substituição. Problema resolvido e pouco depois surge Fafe para novo troço de ligação a casa. As auto estradas nunca têm grande piada, mas fica a nota de que a Vespa Cosa conseguiu manter uma velocidade de cruzeiro surpreendentemente boa.
Fica a ideia de repetir passeios deste estilo, com a regularidade possível, pensados por cada um dos elementos do Lambretta Invicta Clube Extreme Team. Mesmo sem Lambrettas.
Obrigado Hugo e Sérgio.












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